domingo, 24 de outubro de 2010

Quinze minutos com meus pensamentos

Eu sentia as consequências das minhas aflições em meu próprio corpo. Eu me sentia mal, se pudesse estaria rastejando, pois minha cabeça pesava, pesava demais. Eu poderia ter posto tudo a perder, ser grosso, transformar tudo em nada de um minuto para outro, mas decidi parar e prestar atenção em meus pensamentos. Eu estava sentando numa mesa larga, de madeira escura, com as mãos apoiando a cabeça. Fechei os olhos, respirei fundo e deixei que meus pensamentos vagassem livremente pelo espaço daquele quarto. Parecia que um filme passava na minha cabeça e eu estava repensando tudo aquilo que vivi, tudo aquilo que senti, tudo aquilo que provou, que me colocou e coloca em teste o tempo todo. Paciência, desespero, otimismo, talvez. Era como se eu tirasse-os e colocasse-nos em uma “penseira”, observando os próprios pensamentos boiarem naquela água prata e límpida. Eu vi que não valia a pena me desgastar por tão pouco e as vezes acabava fazendo tudo do jeito inverso. Eu inspirei profundamente, soltei o ar, inspirei e soltei vagarosamente e o sino começou a badalar. Eu tentava contar quantas badaladas aquele sino dava, mas perdia a conta facilmente. Aquele barulho tão distante parecia tão suave, era como se estivesse deitado em nuvens, voando, leve. Parece até que meus pensamentos adquiriam a forma humana e paravam de me rodear cada vez que o sino badalava. Depois acabou e o silêncio tomou conta de mim. Eu deveria fazer esta experiência mais vezes, pois é extremamente prazerosa e relaxante. Tirei meus sapatos e minhas meias, coloquei meus pés sobre a mesa, tirei meu óculos, cocei levemente meus olhos e inclinei para trás. Não, eu não iria dormir, mas queria aquela paz por quinze minutos, só isso. Eu pensava na minha vida, que boa ou não, era a minha vida. Óbvio. Como era óbvio o ser humano perceber que nossa vida possui fases, cujas não são as melhores sempre e o que vale é tentar se acalmar, é tentar relaxar, para não ter dores como eu tinha. Meus ombros pesavam tanto quanto minha cabeça pesou no começo. Agora não mais. Um cheiro entrava pela minha narina e eu ri. Era o odor que meus pés suados exalavam. Eu simplesmente ri daquilo e vi que estava na hora de tomar banho. Coloquei novamente meus pés no chão e fui a caminho do banho, deixar com que a água escorresse da cabeça aos pés, me lavasse de corpo e alma.

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