segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Psicose Nova-Iorquina

Sai do café e fui andando pela calçada. O dia estava agradável e meu café exalava um delicioso odor forte e quente. Não sou a mais bem vestida, mas pelo menos nua não me encontrava. Era despojada e pouco me importava o que aqueles otários estranhos, os quais nunca me viram na vida, pensavam quando me viam vestindo uma blusa de alcinha, um short de cintura alta curto e meu coturno solto. Meu longo cabelo loiro se perdia no vento e toda vez que eu tentava ajeita-lo, mesmo sabendo do fracasso que seria, meus anéis acabavam bagunçando-o novamente. Meu óculos de sol embaçava toda hora e antes que eu me irritasse com pouquíssima coisa, tirei e coloquei por cima da cabeça. Mensagens chegando, mas nenhuma interessante a não ser promoções ou prazo de recargas. Então enfiei meu celular no bolso e continuei andando, pensando a mesma coisa olhando para diferentes faces. Um turbilhão passava pela minha cabeça e não era nada demais, era apenas indignação de quem não era escrava, seja da moda, seja da rotina Nova-Iorquina, do modo de vida de todos aqueles outros. Ao som de uma música que escutava andava pela calçada, as vezes balançava a cabeça, as vezes murmurava algum trecho do refrão, as vezes batia palmas e ria, fazendo com que todos me olhassem. Otários, digo otários porque estão o tempo todo preocupados com o zelo de sua imagem e esquecem de viver a alegria que sentem, mas isso não significava que eu estivesse feliz. Não. Aquela música era animada e levantava meu astral, embora eu não dispensasse meu doce e adorável Rock’n’Roll. Passando em frente à uma loja de instrumentos musicais, reparei em alguns CD’s que estavam expostos na vitrine e resolvi entrar e entre as prateleiras encontrei aquelas nojentas do colégio, aquelas “filhinhas de papai” mimadas que, quando abrem as bocas, reclamam da unha quebrada, da maquiagem mal feita, da roupa mau passada. Para minha infelicidade, a prateleira de Rock ficava praticamente ao lado de POP e ao perceber que eu estava ali, elas começaram a cochichar, entre risinhos e pequenos gestos. Era sobre mim. Olhei bem para a cara delas e mostrei o dedo a elas.
- Fodam-se, vadiazinhas mimadas.
Sai da loja morrendo de rir sozinha e esbarrando em muitas pessoas que não paravam de me olhar. Me deixem quieta. Esse é o meu jeito. Meu nome é Melina e esse é o começo de uma possível Psicose Nova-Iorquina.

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