quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Possante de Átila

Psicose Nova-Iorquina - Capítulo II

A Dacown Street era uma das ruas mais frequentadas pelas mimadas de classe média-alta de Nova York. Não era a mais luxuosa, mas estava entre as mais caras. Haviam muitas lojas de roupas, sapatos, perfumarias, joalherias, é a rua dos sonhos para as garotas do colégio. As vezes quando eu ia a algum lugar e tinha que passar por aquela rua, sempre via as nojentas sondando lojas e mais lojas cheias de sacolas nas mãos. Era interessante saber por onde elas andavam, se é que você me entende.
Escutei a porta do restaurante abrir e quando olhei era Átila, com um sorriso de orelha a orelha.
- Mel, Melzinha, Melinda, você não sabe o que o gatão aqui comprou.
- Uma casa de praia em Saint-Tropez, uma boate em Ibiza ou o quê?
- Há, há. Venha ver então, otária.
Sai do restaurante e ele estava lá, lindo, deslumbrante, seduzindo quem passasse pela rua.
- Não acredito!
Sim, Átila juntava dinheiro desde os 15 anos para comprar um Opala 1974 preto. Tudo bem que o carro não era perfeito, mas estava muito bem cuidado. Boa pintura, bancos bem costurados, lindo e impecável. Eu não sabia o que fazer, porque estava muito feliz por ele. Desde quando éramos pequenos ele dizia que compraria um carro e eu seria a primeira a andar com ele.
- Átila, eu não consigo acreditar.
- Viu Mel, ele não é lindo? Eu te disse que iria comprar um carro, eu disse.
- Você pode ser um ano mais velho que eu, mas daqui um ano pode ter certeza que quem vai querer dirigir seu carro sou eu.
- Acordou ou ainda está sonhando?
- Imbecil. Anda Átila, vamos dar uma volta!
Disse isso, mas estava dentro do carro já. Era tão lindo por dentro quanto por fora.
Pedi para ele me levar à Dacown St. Ele estranhou, mas não exitou e me levou. Estávamos a caminho ao som de AC/DC, com Rock’n’Roll Singer. O som estava bem alto, do jeito que nós gostávamos. O carro era mais interessante ainda e Tilanga me contou tudo, desde o momento que ele chegou no estacionamento até a negociação. De repente eu vejo, quase atravessando a rua, as garotas do colégio.
- Átila, passa naquela poça de água quando as garotas forem atravessar a rua. Sem perguntas, faça o que eu mandei.
Dito e feito. Assim que elas foram atravessar a rua, Átila acelerou e virou a esquina no momento em que elas iriam atravessar.
- Você molhou minha roupa seu idiota!
Até um cidadão que passava ali perto resmungou alguma coisa para nós. Assim que ouvi aquelas vozes irritantes, abri o vidro e gargalhava ao ver a cara do "grupinho rosa" e do enxerido. Nova York ficava cada vez mais interessante. Fomos a um ferro velho atrás de algumas calotas cromadas, mas não compensava compra-las. Depois fomos abastecer e passamos na casa de um amigo de Átila que queria vender alguma coisa para ele, algo relacionado a som, mas não sabia exatamente o que era. Já estava escuro e Tilanga me deixou na porta de casa. Sai do carro, fechei a porta e me abaixei para falar com ele:
- Adorei o passeio hoje.
- Você é louca garota, de verdade.
- Elas merecem muito mais do que aquilo, mas como sou muito boa, não me preocupo muito em criar situações. As vezes eu me pergunto se a situação é que vem até mim.
- Desculpa boa essa. Se eu não te conhecesse, acreditaria em você.
- Até amanhã Tilanga.
E me afastei. Assim que fui para minha casa, parei diante a porta olhando o possante negro pela rua. Ele sumiu e eu entrei.

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