segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Uma bomba às oito e catorze

Quinta-feira, oito horas e catorze minutos da manhã. Tensa manhã. Eu estava, durante aquela aula, mais irritada do que nunca. Meus pensamentos estavam martelando meu crânio maciço com tamanha força que jurava poder sentir a dor. Tudo bem, eu sabia que em algum momento ia passar ou aquele, o qual estava me irritando, haveria de se tocar. Incessantemente “bla blás” saíam de sua boca em tons graves e fortes, por mais baixos que pudessem ser. Eu não entendia o que era dito, então eram “bla blás” infernais. Minha cabeça já não era mais martelada e funcionava agora como uma panela de pressão: parecia que a qualquer momento explodiria e a pressão interna era grande, grande, grande. Eu me revirava escutando aquele som gutural saindo da boca do homem moderno, mas me revirava de pura irritação. Coça, coça, coça sem ter nenhum prurido. Talvez meu couro cabeludo já estivesse muito vermelho e meu cabelo, muito bagunçado. Não conseguia prestar atenção na aula de maneira alguma, mas tentar nunca era demais. Respondi, ou melhor, tentei responder oralmente às perguntas que a professora fazia e percebi que em meio a tanto tormento algo havia entrado em minha cabeça. Não sei. Cutuquei a garota do cabelo cacheado que sentava na minha frente e reclamei. Ela me fez algumas perguntas, observou aquele que me irritava e novamente voltou a me olhar. Explodi calmamente. Decidi mudar de lugar e arrastei a carteira, sem me levantar da cadeira. Rapidamente me ajeitei e fiquei ali, com meus pensamentos, bem na minha. O sinal que, cada dia parecia mais alto e insuportável tocou e acabou-se o tormento infernal.

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