segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Uma visita um tanto quanto inesperada

Psicose Nova-Iorquina - Capítulo VII

“Eu escutei a porta abrir e fiquei surpresa com a visita.”
- Oi.
- O que está fazendo aqui?
- Não iria deixar minha amiga na mão.
- Ninguém te avisou Átila, como você sabia da minha situação se não estávamos nem se vendo?
- Não interessa Mel, mas não vou deixar você sozinha enfrentando isso, não mesmo. Se precisar é só falar. Eu estou de carro, se quiser busco roupas ou qualquer outra coisa que precisar.
- Nesse momento não preciso de nada, mas obrigada.
Melina puxou uma cadeira e colocou perto dela. Átila sentou-se e ela contou desde a história do programa envolvendo o advogado até o suporte que ele estava dando naquele momento. Sua mãe começou a se mexer na cama. Levantou-se e foi a seu lado.
- O que eu estou fazendo aqui?
- Você quase vomitou o próprio fígado. Como tenho uma mísera compaixão por você, cuidei para que fosse internada. Sabe aquele advogado para quem deu? Agradeça a ele, pois está nos ajudando muito.
Melina saiu do quarto e bateu a porta. Átila levantou-se e foi até Rita.
- Ela está muito nervosa, de verdade. Por favor, desculpe-a.
Ela acenou com a cabeça e voltou a dormir. Parece que não se importou muito. Átila encontrou a amiga sentada na calçada, com a cabeça entre as pernas. Ele chegou e sentou ao seu lado, puxando seu corpo para cima. Abraçou-a.
- Chore Melina, você não é mulher maravilha, não pode continuar calada, aguentando tudo ou não.
Chorou silenciosamente e suas lágrimas transformavam seus olhos em duas pérolas negras, brilhantes.


***

Passaram-se alguns dias e a mãe de Melina teve alta. Ela fez questão de quebrar todas as garrafas de bebida de sua casa, jogou fora os maços de cigarro, ajeitou aquele inferno. Aspirou a casa, jogou os lençóis fedidos fora, abriu as janelas e deixou o sol e o vento fresco entrar. O ódio que sentia ainda não havia sido diluído e estava fazendo aquilo por conta própria, sabendo ou não se Rita queria.
- Não sei qual a finalidade disso tudo, filha.
- Não me chame de filha e cale a boca.
- Você deve me respeitar menina!
- Se eu pudesse teria dado um tapa nessa sua cara. Você é uma ingrata. Aposto que já voltou a dar. Tanto esforço para nada.
- Não me tire do sério Melina, eu sou sua mãe.
- Não, você é uma vadia! Mãe de verdade não faz o que você fez a vida toda.
Dizendo isso foi para seu quarto, enfiou umas roupas em uma pequena mala, pegou sua mochila, algumas outras coisas e saiu. A vizinhança ouvia os gritos.
- Onde você vai?
- Para qualquer lugar longe de você e deste inferno. Foda-se!
Melina acenou para o primeiro táxi que apareceu em seu caminho e foi para a casa de Átila. O amigo abriu a porta assim que ela chegou, olhou-a espantado. Ela começou a falar antes mesmo dele respirar:
- Preciso passar alguns dias aqui. Se precisar, faço hora extra no restaurante para pagar comida, água, luz, telefone, seja o que for. Ajudo a limpar casa, faço compras, qualquer coisa.
- Massagem em mim?
- Viado.
Só Tilanga mesmo para fazê-la rir. Ela entrou e instalou-se na casa dele.

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