Psicose Nova-Iorquina - Capítulo V
- Melina, você é descontrolada? Você precisa de remédios, sinceramente.
- Átila, você acha que eu ia deixar barato? Não mandei aquela piranha mexer comigo, ela mereceu apenas.
Melina estava sentada na cadeira com os pés sobre a cama de Átila, onde ele estava deitado escutando a amiga desajuizada contar o que havia aprontado.
- Tudo bem que foi meio sem controle, mas eu gostei. Essa é minha garota!
- Tilanga, Tilanga, sou uma caixinha de surpresas.
Naquela tarde, os dois estavam de folga.
- Tilanga, vamos tomar café? Eu quero sair, seu quarto está quente, abafado e fedido, como sempre foi.
- E você sempre amorosa, doce, cheia de elogios.
Átila sentou na cama, colocou o tênis e foi se levantando. Saíram para a rua e foram até o café, onde Melina sempre ia. A garçonete veio, anotou os pedidos e eles continuaram conversando, rindo, se divertindo em qualquer lugar a qualquer hora. Melina foi ao banheiro e uma moça chegou na mesa em que Átila estava e entregou um papel com um número de telefone e um beijo. A garota saiu.
“Louise 555-6352”
Ao perceber que Melina voltava, não conseguiu esconder o bilhete e a garota viu.
- Agora minha inimiga quer me atacar? Truque bem barato.
- Mel, até que ela é bonitinha. Com um charme eu pego ela fácil.
Melina olhou Átila com um olhar mortal até que a garçonete chegou e colocou os cafés e uns biscoitinhos na mesa.
- Filho da puta. Alana não te merecia.
- É brincadeirinha meu amor! HAHAHA
Ela jogou um biscoito nele e os dois começaram a rir. Aquela tarde foi muito agradável, mesmo com esse rastro indesejado de inimigo no território. Andaram pela Dacown Street, correram pelo parque e no fim da tarde foram para casa.
No dia seguinte, ela foi cedo para o colégio e pela tarde para o restaurante. Átila entregou rapidamente as correspondências no restaurante e disse apenas “estou atrasado, depois do trabalho eu passo aqui te pegar”. Mel entendeu que não daria para conversar naquela hora e acenou para ele. Ao final do dia, o chefe teve uma conversa com os funcionários, algo breve que acabou resultando em atraso. Quando Melina saiu do restaurante e viu que Átila estava conversando com uma moça, parou de falar:
- Desculpa pelo atraso, mas eu estav...
Parou diante daquela cena. Louise estava praticamente colada à Átila.
- Ok, Átila.
Começou a andar rápido enquanto Átila se despedia da garota e ia atrás dela.
- Ei, porque não me esperou?
- Acho que você estava suficientemente ocupado.
- Melina, que isso agora? Vai ficar com ciúmes?
- Não é ciúmes seu imbecil, mas você sabe o quanto eu odeio aquela garota. As vezes eu penso que você tem prazer em me deixar louca, se já não for.
- Para Melina!
- Se liga Átila!
- Porque não posso conversar com as garotas? Só porque você não gosta delas?
- A questão não é essa. Você apóia minhas atitudes com relação a essa garota e depois fica ai se esfregando nela? Belo amigo você. Daqui uns dias vai falar tudo o que penso a respeito, o que pretendo fazer. Não estou reconhecendo mais o Átila de antes, que tem prazer em humilhar quem merece.
- Para com essa psicose Melina! Para!
- Ou ela ou eu.
Saiu e se enfiou pelas ruas. Ao chegar em casa, sua mãe estava ausente como sempre foi e a garota se sentia mais sozinha do que nunca naquele momento. Bateu a porta e pegou o porta retrato com a foto dela e de sua mãe.
- Droga de falsidade!
Jogou na parede. Melina nunca tinha feito algo por aquele amigo. Sim, lágrimas molhavam seu rosto. Talvez o medo fosse maior que o ódio naquele momento.
domingo, 24 de outubro de 2010
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